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Uma das mais tradicionais editoras brasileiras. Desde de 1943 publicando livros de excelente conteúdo.

17/06/2011

Tradicionalmente Inovadora: Editora Brasiliense e sua história (parte 1)

     Tradicionalmente inovadora, esta é a Editora Brasiliense. A Brasiliense é uma das mais tradicionais editoras em atividade no mercado brasileiro, a editora nasceu em um período de grandes turbulências no cenário político de nosso país.
      O ano era 1943 e estávamos em plena Era Vargas, mais precisamente no período do Estado Novo. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e o Instituto Nacional do Livro impunham limites para a produção e comercialização de livros.
     É nesse cenário de autoritarismo e repressão política que o historiador Caio Prado Júnior (1907-1990), o escritor Monteiro Lobato (1882-1948) e o militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) Artur Neves criam a revista Hoje – O Mundo em Letra de Forma. A revista funcionava nos fundos de uma livraria em São Paulo, na rua D. José de Barros e divulgava clandestinamente o material que o PCB produzia em oposição ao Estado Novo.
      A revista deu luz para outro projeto, a fundação de uma editora. Caio Prado Júnior, servindo-se de recursos pessoais e familiares, conseguiu que o grupo se transferisse para o prédio de uma livraria na Rua Barão de Itapetininga, e ali a escritora Senhora Leandro Dupré juntava-se ao grupo. Nascia assim, a Editora Brasiliense, uma das raras editoras que deu voz aos autores que ousaram contestar os ideais políticos impostos pelo Governo.
     Brasiliense. No nome, a tentativa de arrancar das mãos do Estado autoritário o epíteto do ideal de uma nação, transferindo-o para as forças de oposição que exigiam a democratização e a mudança. A intenção inicial era, portanto, a de dar voz aos cromatismos e às dissonâncias do pensamento brasileiro, criando um espaço em que os escritores pudessem expressar as suas ideias livremente.
      As obras de Caio Prado, Lobato e Dupré representavam quase a metade das publicações feitas pela Brasiliense até 1945. Autores nacionais compunham dois terços de nossas edições. A editora preocupava-se em destacar temas como: história recente do país, leis trabalhistas, reforma agrária, política rural, política alimentar, etc. Uma de nossas marcas em oposição ao governo foi uma recusa em incorporar a reforma ortográfica promovida por Vargas. Em carta escrita para Artur Neves, Lobato escreve: “Antes morrer que aderir ao Estado Novo, e acento é Estado Novo”.
      O país passou por um processo de redemocratização entre os anos de 1945 e 1947, assim o PCB saiu da ilegalidade. A Editora Brasiliense aumentava o volume de publicações que interpretavam a realidade brasileira dentro de uma perspectiva crítica. Nessa época a Brasiliense lança a revista Fundamentos.
      O ano de 1948 não foi bom para a editora. Monteiro Lobato falece em 4 de julho, ele até então havia sido o “espírito da Brasiliense”. Além disso, o PCB voltava à ilegalidade e Caio Prado Júnior (eleito Deputado Estadual em 1947) ficou detido durante três meses e também teve o seu mandato cassado. Além disso, os mecanismos de censura e a política cambial do governo Dutra (que tornava a importação de livros mais barata que a importação de papel para produzi-los aqui) dificultavam o trabalho e a produção da editora.
    Nesse contexto, foi criada a Livraria Monteiro Lobato. Apesar de seu repentino êxito comercial, que possibilitou a montagem da Encadernadora Monteiro Lobato e a ampliação dos depósitos da Editora, a Brasiliense viveu, no começo da década de 1950, uma das maiores crises de sua história. 

Continua...
Texto por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto: Natália Chagas Máximo