Quem sou eu

Minha foto
Uma das mais tradicionais editoras brasileiras. Desde de 1943 publicando livros de excelente conteúdo.

22/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (parte 5) – Os anos 1980, nasce a Coleção Primeiros Passos

    No último post, falávamos sobre a ideia que Caio Graco teve de popularizar os livros. Ele queria lançar uma coleção de livros em formato pequeno, mas que servissem de apoio didático para que os jovens universitários fossem introduzidos aos mais diversos e importantes temas.  Você sabe qual foi o resultado dessa ideia?
     O resultado foi uma das maiores reviravoltas do mercado editorial brasileiro: a coleção “Primeiros Passos”. O primeiro volume O que é socialismo, de Arnaldo Spindel, foi lançado em 1980. Do lançamento até o ano de 1984 a coleção já havia vendido 2,5 milhões de exemplares de seus 133 títulos, passando a representar 25% do faturamento da Editora. O que é ideologia, de Marilena Chauí, era o best-seller da coleção, com mais de 200.000 exemplares vendidos nos primeiros quatro anos.
      O centésimo exemplar da “Primeiros Passos”, O que é contracultura, evidenciava as diferenças ideológicas de Caio Graco, que fora influenciado pela rebelião estudantil de maio de 1968, em relação à política editorial anterior.  
      Em 1983, a Brasiliense publicara em três anos, mais livros do que em todo o período anterior desde sua fundação. Em 1984, a empresa, associada à Editora Abril, passou a distribuir os livros da coleção “Primeiros Passos” nas bancas de jornal. O plano era o de lançar um título novo a cada semana. E novamente o êxito inicial foi enorme: em uma semana foram vendidos 85 mil exemplares dos dois primeiros títulos.
      Hoje, mais de 30 anos depois a coleção “Primeiros Passos” continua ativa e já teve mais de 300 títulos lançados, além de ter ganho uma nova roupagem – desde o ano passado os livros da “Primeiros Passos” estão ganhando capa nova e uma nova diagramação. Nosso top 10 de livros vendidos da coleção é: O que é Sociologia, O que é Ética, O que é Direito, O que é Educação, O que é ideologia, O que é comunicação, O que é arte, O que é cultura, O que é etnocentrismo e O que é filosofia. Em 2011 lançamos os livros O que é hipermídia, de Sérgio Bairon e O que é educação inclusiva, de Emílio Figueira. Em breve sairão os títulos O que é cultura organizacional, O que é espionagem e O que é município.
     Mas nos anos 1980 a Brasiliense também lançava outra coleção de sucesso, você sabe qual é? Aguarde o próximo post...

Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações e atualizações no texto por: Natália Chagas Máximo 

15/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (parte 4) – Os anos 1970 e a ascensão de Caio Graco

    O regime militar continuou durante a década de 1970, a editora enfrentava tempos difíceis e busca novas soluções para poder manter-se no mercado editorial. Essas soluções começaram a aparecer quando o filho de C. Prado Jr., Caio Graco Prado (1931-1992), assumiu o comando da Brasiliense.
    Caio Graco, desde 1960 havia ocupado diferentes postos na hierarquia da editora, e em 1975 assumiu definitivamente a presidência da empresa. Durante os piores anos da crise, contudo, ele já detinha de fato o controle da Editora Brasiliense: sua linha editorial caracterizou-se, de um lado, pelo refúgio na literatura infantil e, de outro, pela tentativa de atingir um público mais amplo através da diversificação da oferta de livros.
   Foi nesse período que a Brasiliense conquistou o público universitário! Eram editados livros sobre sociologia, administração, psicologia, informática e contabilidade, além dos cadernos e revistas de literatura, educação, debates e críticas, como o Leia Livros. Sem contar que a Brasiliense havia se tornado uma espécie de abrigo para os jovens ficcionistas brasileiros, mantendo a publicação das coleções “Contos Jovens” e “Jovens do Mundo Todo”.
    Mesmo com todas essas publicações, a grande solução para a relativa estagnação em que a Brasiliense ainda se encontrava, surgiu um pouco mais tarde, quando já ia avançando o processo de abertura política. Essa solução apareceu para Caio Graco em 1979.
  Em Fortaleza, ocorriam reuniões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Observando que um grupo de jovens tinha dificuldades para participar de debates dessas reuniões, Caio Graco teve a ideia de lançar no Brasil uma coleção de livros didáticos de qualidade, escritos por especialistas e em tamanho reduzido.
    Caio Graco queria popularizar os livros! Já sabe de qual coleção estamos falando? Aguarde o próximo post! 

Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto por: Natália Chagas Máximo 

08/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (Parte 3) – Anos 1960, a Brasiliense e os Governos Militares


      Como já dito anteriormente, a linha da editora Brasiliense sempre foi social e política. No primeiro post falamos sobre o fato de nossa editora dar espaço e voz para que seus autores pudessem expressar suas ideias e opiniões contrárias aos ideais políticos governistas. Obviamente, essa postura editorial da Brasiliense iria incomodar o regime político que se instaurou no país a partir de 1964: a ditadura militar.
      O golpe de 1964 que derrubou o presidente João Goulart, levou os militares ao poder e trouxe novas dificuldades para a editora. A liberdade de imprensa voltava a ser restringida e a censura passava por uma fase de recrudescimento. Dessa forma, os grupos que se instalaram no poder com o golpe militar determinaram a invasão da gráfica Urupês e a destruição dos exemplares de março/abril da Revista Brasiliense.
      Contudo, o governo de Castelo Branco proporcionou facilidades à produção de livros, e a segunda metade da década de 1960 foi marcada por um grande crescimento do mercado editorial. Nesse período a Brasiliense lançou uma importante coleção conhecida como “Teatro Universal”. Criada em 1965, a coleção “Teatro Universal” dirigida por Sábato Magaldi proporcionou ao seu público a leitura de traduções de grandes clássicos da dramaturgia, além de trazer textos dos mais renomados autores brasileiros: Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade e Nelson Rodrigues. Em 1967, a Brasiliense teve um lucro superior em 26% comparado ao ano precedente, apesar de ter mantido o mesmo número de lançamentos e reedições. Nesse ano surgiu a coleção “América Latina – Realidade e Romance”, em que escritores como o guatemalco Miguel Angel Astúrias foram apresentados para um público que se mostrou surpreendentemente receptivo. 
      A editora Brasiliense conseguiu manter indene a sua linha editorial, publicando livros de autores hostis ao governo militar, mas só até 1968. Em 1968 começava o período mais duro do regime militar, os “anos de chumbo” no país.  O governo Costa e Silva instaura o AI-5 – ato institucional que endureceu ainda mais a repressão e a censura.
      Nesse período todos os livros que ameaçassem (ou que eles julgavam que ameaçasse) o governo militar, estavam proibidos. Era proibido divulgar e publicar ideias que fossem contrárias ao que o Governo pensasse. A Brasiliense se viu obrigada a queimar uma boa parte dos seus estoques e a esconder muitos perseguidos políticos, o que não teria sido possível sem a cumplicidade de inúmeros funcionários, entre os quais cabe destacar simbolicamente – Lázaro Borges.
    Nosso fundador, Caio Prado Júnior, também foi perseguido pelos militares. Sob a acusação de ter supostamente incitado um grupo de estudantes à “desobediência”, ele foi condenado à prisão por um Tribunal Militar em 1970. A precária situação da editora foi agravada, ainda, por algumas dificuldades administrativas que fizeram com que a gráfica Urupês – dirigida por Roberto Nioac Prado (1945-1970), filho de C. Prado Jr. – tivesse de ser fechada, e pela crise mundial do petróleo de 1973, que aumentou brutalmente os preços dos transportes, da energia e do papel.
     Sobre a editora nos anos 1970, a ascensão de Caio Graco Prado e o fim do período militar você lê no próximo post.


Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto por: Natália Chagas Máximo 

01/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (Parte 2) – Os anos 1950 e a Revista Brasiliense

    O papel havia praticamente sumido do mercado brasileiro em 1952, e a Brasiliense tinha as suas atividades quase que encerradas. A editora tentou reagir a essa adversidade publicando em 1953 as obras de Afonso Schmidt e aumentando o número de reedições das obras de Monteiro Lobato nos anos de 1954 e 1955. Mesmo passando por essa difícil fase que acarretara em uma queda no conjunto de lançamentos e reedições, a Brasiliense não deixou de seguir a sua linha: temas sociais e políticos.
    A Editora Brasiliense teve sua imagem reacesa no cenário cultural brasileiro em 1955, com o lançamento da Revista Brasiliense. A revista foi fruto de uma idealização feita por Caio Prado Júnior e Elias Chaves Neto, sua fundação contou com a ajuda dos intelectuais: Sérgio Buarque de Holanda, Heitor Ferreira Lima, João Cruz da Costa, Sérgio Milliet, dentre outros.
   A Revista Brasiliense teve 51 números publicados e tornou-se um núcleo sem filiação política ou partidária, em torno do qual vários escritores, médicos e especialistas das mais diversas áreas se congregaram a fim de estudar em profundidade o amplo espectro de problemas que envolviam a política, a cultura, a economia e a sociedade brasileiras.
    A linha independente da revista marcava o distanciamento entre Caio Prado Júnior e as teses do PCB. Pouco antes do XX Congresso do Partido Comunista Soviético, Luís Carlos Prestes em um artigo publicado na revista Problemas de forma depreciativa chamou a Revista Brasiliense de “nacional reformista”.
    Contrapondo-se aos ideólogos do “desenvolvimentismo” tecnicista e predatório, a Revista lançava as atenções, sobretudo, às parcelas da população que haviam permanecido alijadas dos benefícios do surto industrial e da legislação trabalhista, bem como às condições de dependência em que o Brasil se inseria no âmbito das relações internacionais. Seus numerosos colaboradores tinham em comum uma visão humanista dos nossos problemas sociais e econômicos: seu principal objetivo era o de ajudar na formação de uma consciência interessada na reorganização de nossa sociedade, levando em conta suas diversidades regionais, de modo a elevar o padrão de vida da grande maioria da população, condição sem a qual seria impossível a formação de uma nacionalidade brasileira. Nessa linha de pensamento, a Revista teve um importante papel na divulgação e na formação de toda uma geração de jovens intelectuais de dentro e de fora da Universidade, especialmente em São Paulo. O intercâmbio de ideias se dava nas reuniões mensais organizadas pelo Diretor-Responsável, Elias Chaves Neto, que, tal como Caio Prado Júnior, escreveu editorias e artigos para quase todos os números.
    Contudo, a Editora Brasiliense não restringiu as suas atividades apenas à Revista. Entre 1955 e 1964, o governo Juscelino Kubitschek proporcionou uma série de estímulos à produção de livros, o que favoreceu a concretização de alguns antigos projetos. Com a iniciativa de Caio Prado Jr. e a coordenação de Francisco de Assis Barbosa, a Brasiliense publicou em 1956 as Obras Completas de Lima Barreto. A obra de Lima Barreto, até então, havia permanecido marginalizada, sem um tratamento que estivesse à altura de seu papel na literatura brasileira.
    No final da década de 1950, a Brasiliense passava a efetuar grandes vendas de livros para órgãos como o MEC (Ministério da Educação e da Cultura) e o Instituto Nacional do Livro. Essas vendas governamentais garantiram à editora os recursos para dar continuidade aos seus projetos.
    Yolanda Cerquinho Prado, mais conhecida como Danda Prado (filha de C. Prado Jr.), cria em 1960 a coleção “Jovens do Mundo Todo”. Essa coleção vislumbrava um público que – mais tarde – seria o grande responsável pelo seu estrondoso sucesso editorial. “Jovens do Mundo Todo”, em seus primórdios, visava à publicação de traduções de romances históricos para jovens. Por essa mesma época, foram publicadas as obras de Josué de Castro, de Nelson Werneck Sodré e de muitos participantes mais ativos da Revista Brasiliense.
    Após o golpe militar de 1964, surgem novas dificuldades e a continuação dessa história você lê no próximo post...

Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto por: Natália Chagas Máximo