Quem sou eu

Minha foto
Uma das mais tradicionais editoras brasileiras. Desde de 1943 publicando livros de excelente conteúdo.

01/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (Parte 2) – Os anos 1950 e a Revista Brasiliense

    O papel havia praticamente sumido do mercado brasileiro em 1952, e a Brasiliense tinha as suas atividades quase que encerradas. A editora tentou reagir a essa adversidade publicando em 1953 as obras de Afonso Schmidt e aumentando o número de reedições das obras de Monteiro Lobato nos anos de 1954 e 1955. Mesmo passando por essa difícil fase que acarretara em uma queda no conjunto de lançamentos e reedições, a Brasiliense não deixou de seguir a sua linha: temas sociais e políticos.
    A Editora Brasiliense teve sua imagem reacesa no cenário cultural brasileiro em 1955, com o lançamento da Revista Brasiliense. A revista foi fruto de uma idealização feita por Caio Prado Júnior e Elias Chaves Neto, sua fundação contou com a ajuda dos intelectuais: Sérgio Buarque de Holanda, Heitor Ferreira Lima, João Cruz da Costa, Sérgio Milliet, dentre outros.
   A Revista Brasiliense teve 51 números publicados e tornou-se um núcleo sem filiação política ou partidária, em torno do qual vários escritores, médicos e especialistas das mais diversas áreas se congregaram a fim de estudar em profundidade o amplo espectro de problemas que envolviam a política, a cultura, a economia e a sociedade brasileiras.
    A linha independente da revista marcava o distanciamento entre Caio Prado Júnior e as teses do PCB. Pouco antes do XX Congresso do Partido Comunista Soviético, Luís Carlos Prestes em um artigo publicado na revista Problemas de forma depreciativa chamou a Revista Brasiliense de “nacional reformista”.
    Contrapondo-se aos ideólogos do “desenvolvimentismo” tecnicista e predatório, a Revista lançava as atenções, sobretudo, às parcelas da população que haviam permanecido alijadas dos benefícios do surto industrial e da legislação trabalhista, bem como às condições de dependência em que o Brasil se inseria no âmbito das relações internacionais. Seus numerosos colaboradores tinham em comum uma visão humanista dos nossos problemas sociais e econômicos: seu principal objetivo era o de ajudar na formação de uma consciência interessada na reorganização de nossa sociedade, levando em conta suas diversidades regionais, de modo a elevar o padrão de vida da grande maioria da população, condição sem a qual seria impossível a formação de uma nacionalidade brasileira. Nessa linha de pensamento, a Revista teve um importante papel na divulgação e na formação de toda uma geração de jovens intelectuais de dentro e de fora da Universidade, especialmente em São Paulo. O intercâmbio de ideias se dava nas reuniões mensais organizadas pelo Diretor-Responsável, Elias Chaves Neto, que, tal como Caio Prado Júnior, escreveu editorias e artigos para quase todos os números.
    Contudo, a Editora Brasiliense não restringiu as suas atividades apenas à Revista. Entre 1955 e 1964, o governo Juscelino Kubitschek proporcionou uma série de estímulos à produção de livros, o que favoreceu a concretização de alguns antigos projetos. Com a iniciativa de Caio Prado Jr. e a coordenação de Francisco de Assis Barbosa, a Brasiliense publicou em 1956 as Obras Completas de Lima Barreto. A obra de Lima Barreto, até então, havia permanecido marginalizada, sem um tratamento que estivesse à altura de seu papel na literatura brasileira.
    No final da década de 1950, a Brasiliense passava a efetuar grandes vendas de livros para órgãos como o MEC (Ministério da Educação e da Cultura) e o Instituto Nacional do Livro. Essas vendas governamentais garantiram à editora os recursos para dar continuidade aos seus projetos.
    Yolanda Cerquinho Prado, mais conhecida como Danda Prado (filha de C. Prado Jr.), cria em 1960 a coleção “Jovens do Mundo Todo”. Essa coleção vislumbrava um público que – mais tarde – seria o grande responsável pelo seu estrondoso sucesso editorial. “Jovens do Mundo Todo”, em seus primórdios, visava à publicação de traduções de romances históricos para jovens. Por essa mesma época, foram publicadas as obras de Josué de Castro, de Nelson Werneck Sodré e de muitos participantes mais ativos da Revista Brasiliense.
    Após o golpe militar de 1964, surgem novas dificuldades e a continuação dessa história você lê no próximo post...

Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto por: Natália Chagas Máximo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário