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Uma das mais tradicionais editoras brasileiras. Desde de 1943 publicando livros de excelente conteúdo.

08/07/2011

Editora Brasiliense e sua história (Parte 3) – Anos 1960, a Brasiliense e os Governos Militares


      Como já dito anteriormente, a linha da editora Brasiliense sempre foi social e política. No primeiro post falamos sobre o fato de nossa editora dar espaço e voz para que seus autores pudessem expressar suas ideias e opiniões contrárias aos ideais políticos governistas. Obviamente, essa postura editorial da Brasiliense iria incomodar o regime político que se instaurou no país a partir de 1964: a ditadura militar.
      O golpe de 1964 que derrubou o presidente João Goulart, levou os militares ao poder e trouxe novas dificuldades para a editora. A liberdade de imprensa voltava a ser restringida e a censura passava por uma fase de recrudescimento. Dessa forma, os grupos que se instalaram no poder com o golpe militar determinaram a invasão da gráfica Urupês e a destruição dos exemplares de março/abril da Revista Brasiliense.
      Contudo, o governo de Castelo Branco proporcionou facilidades à produção de livros, e a segunda metade da década de 1960 foi marcada por um grande crescimento do mercado editorial. Nesse período a Brasiliense lançou uma importante coleção conhecida como “Teatro Universal”. Criada em 1965, a coleção “Teatro Universal” dirigida por Sábato Magaldi proporcionou ao seu público a leitura de traduções de grandes clássicos da dramaturgia, além de trazer textos dos mais renomados autores brasileiros: Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade e Nelson Rodrigues. Em 1967, a Brasiliense teve um lucro superior em 26% comparado ao ano precedente, apesar de ter mantido o mesmo número de lançamentos e reedições. Nesse ano surgiu a coleção “América Latina – Realidade e Romance”, em que escritores como o guatemalco Miguel Angel Astúrias foram apresentados para um público que se mostrou surpreendentemente receptivo. 
      A editora Brasiliense conseguiu manter indene a sua linha editorial, publicando livros de autores hostis ao governo militar, mas só até 1968. Em 1968 começava o período mais duro do regime militar, os “anos de chumbo” no país.  O governo Costa e Silva instaura o AI-5 – ato institucional que endureceu ainda mais a repressão e a censura.
      Nesse período todos os livros que ameaçassem (ou que eles julgavam que ameaçasse) o governo militar, estavam proibidos. Era proibido divulgar e publicar ideias que fossem contrárias ao que o Governo pensasse. A Brasiliense se viu obrigada a queimar uma boa parte dos seus estoques e a esconder muitos perseguidos políticos, o que não teria sido possível sem a cumplicidade de inúmeros funcionários, entre os quais cabe destacar simbolicamente – Lázaro Borges.
    Nosso fundador, Caio Prado Júnior, também foi perseguido pelos militares. Sob a acusação de ter supostamente incitado um grupo de estudantes à “desobediência”, ele foi condenado à prisão por um Tribunal Militar em 1970. A precária situação da editora foi agravada, ainda, por algumas dificuldades administrativas que fizeram com que a gráfica Urupês – dirigida por Roberto Nioac Prado (1945-1970), filho de C. Prado Jr. – tivesse de ser fechada, e pela crise mundial do petróleo de 1973, que aumentou brutalmente os preços dos transportes, da energia e do papel.
     Sobre a editora nos anos 1970, a ascensão de Caio Graco Prado e o fim do período militar você lê no próximo post.


Texto escrito por: Paulo Teixeira Iumatti
Adaptações no texto por: Natália Chagas Máximo 

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